Com música e resistência, o evento destacou a valorização do samba e a identidade negra em noite de celebração no Centro Cultural.
Por Heloisa Costa, Isabela Vieira e Sara Santos.
Na noite da última sexta-feira, 25 , o Ponto de Cultura Flor do Mato promoveu a III Mostra Jornada da Igualdade racial, no Centro Cultural Pedro Alberto Tayano Filho. O evento reuniu diversas atrações culturais em uma programação voltada à valorização da cultura afro-brasileira.
Com início às 19h, a Mostra contou com apresentações culturais de artistas locais, exibição de documentário e roda de bate papo. Uma das atrações da noite, foi a roda de samba formada pelo grupo Pagode dos Amigos, que preparou um repertório com clássicos do gênero. Os pagodeiros, Boa do Pandeiro, Pagode do Baza e Edu Lima levantaram o público e encerraram a programação da noite em grande estilo.
Créditos de imagem Irene Lopes
Durante sua participação, Edu Lima destacou a importância de eventos como a Mostra para a valorização do samba dentro da sociedade: “a ação é uma ação muito boa, que valoriza as nossas origens. O samba é um ritmo que vem da periferia, da favela”, destacou.
O vocalista do grupo, compartilhou sua alegria em participar de um evento voltado para a valorização da cultura e da música popular brasileira. Durante a apresentação, o artista destacou a importância de levar o samba e o pagode para diferentes públicos: “É uma satisfação imensa estar tocando aqui para a galera e mostrando um pouco da cultura do pagode e do samba”, afirmou.
O músico nos lembra que a região possui uma cultura múltipla, reflexo da diversidade de origens de seus habitantes. Tangará da Serra, em particular, é composta por pessoas de diversos estados do Brasil, o que enriquece seu cenário cultural. Por isso, mesmo estando no Centro-Oeste, onde gêneros como o sertanejo são predominantes, o samba e o pagode encontraram espaço na periferia da cidade, tornando-se expressões importantes da identidade local. O grupo, assim, não apenas celebra essa herança musical, mas também fortalece a representatividade da cultura negra na região. Para o artista, essa é uma paixão que transborda em seu trabalho, algo que ele vive com orgulho, sem deixar de honrar suas raízes.
Créditos de imagem Irene Lopes
Eduardo se mostrou otimista com a nova geração de sambistas e pagodeiros que está surgindo, e reforçou a importância de espaços e eventos que acolham esses novos talentos. “O movimento está abrindo portas para que novos talentos negros e brancos, e a todos os que possam somar com a gente nesse debate tão importante para a nossa sociedade.
Por fim, o cantor falou sobre os desafios de seguir na música, especialmente para quem vem da periferia e enfrenta o preconceito estrutural. Ainda assim, ele deixa uma mensagem de esperança:
“Nunca se entregue. A batalha é difícil, tem muitas pedras no caminho, o racismo, o preconceito contra o estilo musical. Mas nossa fé, nossas origens e nossa vontade são forças que nos fazem seguir e trilhar um caminho de sucesso. A galera mais nova pode ter certeza: tem muita coisa boa vindo por aí. Esses debates fortalecem ainda mais a nossa luta.”
A III Mostra Jornada da Igualdade Racial, faz parte de um conjunto de ações culturais que teve como objetivo fortalecer o diálogo sobre a igualdade racial, valorizando e reconhecendo os artistas locais, utilizando a arte, música e o protagonismo negro em Tangará da Serra, como ferramenta de conscientização e inclusão.