
A Praça da Bíblia, localizada no centro de Tangará da Serra, sempre foi um ponto de encontro para moradores em busca de lazer e sombra proporcionada por suas árvores. Entretanto, após a revitalização iniciada em 2015, que incluiu a substituição de áreas verdes por concreto, a praça perdeu parte da sua vegetação original, gerando insatisfação entre os frequentadores do local.
De espaço de convivência a ilha de concreto.
Isabela Nunes, uma das entrevistadas, expressou sua opinião:
“Eu acredito que, estruturalmente, ela ficou uma praça bonita, mas, em comparação ao que era antes, eu via bastante adolescente aqui no período da tarde por conta das árvores; vinham tomar tereré, conversar, idosos também, e ultimamente eu não vejo. Nem eu mesma, que às vezes parava aqui pra descansar um pouco por conta da sombra, hoje prefiro ir pra outro lugar como o Centro Cultural ou até mesmo ali na feira porque tem um cantinho com sombra.”
A revitalização, anunciada pelo então secretário de Infraestrutura da época, Francisco Clemente, previa a reconstrução da praça com concretos estampados formando diversos desenhos, além de canteiros e jardinagem. Segundo Clemente, a intenção era oferecer um espaço limpo e agradável para a população desfrutar.
No entanto, moradores como Mare Cruz sentem falta das áreas sombreadas:
“Acho a questão das árvores muito importante porque é o lazer e o meio ambiente, e o mundo tá pedindo muita árvore, muita natureza, né, pra diminuir o calor já que as árvores ajudam muito. A praça também é um lugar de lazer para as crianças comerem uma pipoca, brincarem, e não tem como, é um sol terrível, não tem uma árvore, e as que têm são pequenas, não tem como ter um lazer, um espaço.”
O professor da UNEMAT de Tangará da Serra Rogério Anez, especialista em botânica há mais de trinta anos, destaca a importância da arborização urbana: “Em relação à arborização, a gente sempre pretende que as prefeituras façam o projeto para reflorestamento da cidade, áreas verdes, e façam um planejamento pra isso. […] Falando de alguns benefícios que tem no plantio das áreas verdes, ele modifica grandemente o clima, as árvores mais ainda, por terem uma raiz profunda elas seguram, por exemplo, mananciais que são corpos d’água. Quando se começa a remover a vegetação, você vai deixar o solo mais duro; consequentemente, a água não vai aprofundar no solo, então não vai ter reserva de água, então ela vai desaparecendo.”

A Praça da Bíblia, inaugurada em 13 de fevereiro de 1982 durante a gestão de Antônio Porfírio, passou por algumas transformações ao longo dos anos. A atual configuração, embora esteticamente revitalizada, levanta debates sobre a necessidade de equilibrar desenvolvimento urbano com a preservação ambiental, especialmente em regiões de clima quente como Tangará da Serra.
Repórteres: Celiane Ferreira; Pedro de Souza.
Fotográfia: Diário da Serra e Celiane Ferreira.
Texto e Edição: Ingridy Silva.