Migrantes relatam desafios emocionais, culturais e climáticos enfrentados ao se estabelecerem em novos estados.

O termo migração significa o deslocamento de pessoas pelo espaço geográfico. Esse processo acontece por diversos fatores que podem ser: sociais, econômicos, culturais, políticos ou ambientais. Existem vários tipos, porém uma das migrações mais comuns entre os brasileiros, é a interna. Que ocorre quando uma pessoa se desloca dentro do território nacional, um exemplo seria a troca de estado.
De acordo com dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 2,4 milhões de pessoas migraram internamente no Brasil, mudando de estado entre 2010 e 2020. A decisão de migrar para um novo estado pode ser desafiadora e repleta de obstáculos, principalmente quando se trata de se adaptar a uma cultura e realidade diferentes.
Gideone Dias, Bombeiro Civil e migrante do Amazonas, relata como sair da zona de conforto ao mudar de seu estado e enfrentar adversidades, pode ser um processo complexo e impactante.
“Sair da zona de conforto realmente não é simples. O falecimento do meu irmão afetou bastante o equilíbrio emocional. E juntamente a pandemia que mesmo em um lugar com a infraestrutura maior e com mais empregos, não foi fácil para ninguém. E me forçando a procurar outro lugar para morar”, ressalta o Bombeiro Civil.
A adaptação a uma nova realidade é um processo demorado e difícil, que causa por muitas vezes um desgaste emocional gigantesco. Quando se troca de estado, habituar-se a uma nova cultura e língua, a ausência de uma rede de apoio e a eventual discriminação são alguns dos desafios comuns nesse processo de transição. Domicília Rosa, natural de Alagoas, compartilha sua experiência ao migrar para o Mato Grosso em busca de melhores oportunidades.

“Vim para Mato Grosso atrás de meus filhos que estavam todos vindo em busca de alguma melhora na vida. Sonho em voltar para o meu estado, mas admito que tudo que conquistamos está aqui”, destaca. A falta de suporte emocional e prático, a exemplo da distância dos entes queridos, pode tornar a adaptação ainda mais desafiadora.
Rosiane Santos, também migrante alagoana, destaca a dificuldade de adaptação climática ao se mudar para o Mato Grosso. “Minha maior dificuldade foi de adaptação de clima mesmo, meu Estado natal não é tão quente quanto Mato Grosso”, relata. Além das questões climáticas, os migrantes podem se deparar com situações de discriminação e preconceito, fatores que podem impactar sua autoestima e acesso a oportunidades de emprego e moradia.
A jornada de adaptação dos migrantes é repleta de desafios, mas também de aprendizados e superações, evidenciando a resiliência e determinação daqueles que se aventuram em busca de novos horizontes.