
Amauri da Silva Salvador, 30 anos, lançou “O Livro das Sombras – A Ascensão do Escolhido”, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2017. A obra acompanha a história de um jovem que, durante um intercâmbio, descobre que pertence a uma família de bruxas.
Natural de Rio Largo, Alagoas, ele conta que o gosto da leitura surgiu na infância, por causa da avó. “Eu sempre pensava ‘se ela lê todos os dias e todas as noites, alguma coisa tem ali que deve ser interessante’”, diz.
Segundo o escritor, o apreço pela leitura foi como uma salvação. “Porque eu ainda ia estar na mesma vida, no mesmo lugar e aquilo ia me consumir ao ponto que eu ia querer fazer o contrário de viver. A leitura me libertou”, contou.
Apesar de ter sido influenciado por ela, Amauri conta que lia escondido da avó, pois a religião dela era contra os tipos de livro que ele gostava: aqueles que envolviam magia. O autor conta que, na época, sua vizinha deu a ele uma sacola cheia de livros de romance antigos e ele leu todos escondidos, dizendo que “ler foi o maior ato de transgressão que eu já fiz na vida” e que moldou sua profissão.
Além de escritor, Amauri, também professor de inglês e português da rede pública, é graduado em Letras e mestrando em Estudos Literários pela Universidade Estadual do Estado de Mato Grosso, em Tangará da Serra e imersor de Língua Inglesa pela Embaixada Americana no Brasil.

Amauri foi diagnosticado com bipolaridade e, de acordo com ele, escreveu “O Livro das Sombras” em menos de um mês durante um episódio de mania. Ele diz que foi bastante influenciado por conteúdos midiáticos que envolvem magia e mistério e tentou trazer isso para o ambiente brasileiro, com elementos da cultura celta.
“Eu lembro que eu também comecei a escrever O Livro das Sombras depois que eu assisti a um filme de dois irmãos, que eram um rapaz e uma moça, (…) que eles caçavam bruxas e em determinado momento (da história) eles se depararam com uma que era atípica, ela era boa. E aí a gente começa a refletir no quanto durante séculos, milênios a figura ligada à bruxaria e ao paganismo é sempre sendo de maneira pejorativa, ou de maldade, ou de algo demoníaco, sempre algo pautado no estereótipo e no preconceito. Então colocar esse artefatos no personagem, ainda por cima brasileiro, eu achei que seria interessante para poder abordar, não só o tema da bruxaria, mas também como personagem ele concilia a vida humana dele e a nova descoberta de que ele vinha de uma ancestralidade de pessoas que eram adeptas a bruxaria”.
O escritor falou sobre o primeiro livro que o impactou:
Repórter: Danielly Ferreira