
A IV Semana de Jornalismo, com o tema “Comunicação, Jornalismo e Ciência”, teve início segunda-feira (21/10/2024), na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Câmpus de Tangará da Serra. O primeiro dia do evento buscou aproximar os estudantes e profissionais da comunicação de reflexões sobre a interseção entre ciência e jornalismo.
A abertura do evento contou com a presença de representantes importantes da instituição, como o Prof. Ariel Lopes Torres, Diretor Político-Pedagógico e Financeiro (DPPF), o Prof. Toni Amorim de Oliveira, Diretor da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e da Linguagem (Facsal), o Prof. Ulisflavio Oliveira Evangelista, professor do curso de Jornalismo e organizador do evento e o Prof. Gibran Luis Lachowski, coordenador do curso de Jornalismo.
O coordenador do evento Prof. Dr. Ulisflávio Evangelista, falou sobre os preparativos para esse evento:
“Essa é a IV edição da Semana de Jornalismo, é um evento tradicional, nossa expectativa é muito positiva com a participação dos discentes e animados pelo aceite dos convidados. Temos convidados para o decorrer da semana como a Jornalista Laís, do IFMT; a Professora Débora, da Federal de Ouro Preto; e a Professora Ana Carolina, da Federal do Paraná. Então teremos uma contribuição de realidades diferentes do que estamos acostumados aqui na Unemat em Tangará da Serra. Além disso, teremos a participação da Professora Rosana, que atua no curso e vai contribuir com estudos no campo da desinformação, que foi sua pesquisa de doutorado”.
O professor do curso de Jornalismo, Augusto Boss, também falou sobre o que foi preparado para o primeiro dia:
“Os professores convidados são referências na área da discussão sobre ciência e desinformação. Acredito que as discussões vão trazer amplo conhecimento para os estudantes, tanto sobre os conceitos como sobre a materialidade da profissão que é o dia a dia, como acontece a produção da desinformação e também como é a produção e a comunicação científica”.
Expectativas dos estudantes do curso de Jornalismo em alta

Os estudantes falaram sobre a temática deste ano, “Comunicação, Jornalismo e Ciência”, enxergando como uma oportunidade para compreender melhor como a prática jornalística pode contribuir para a disseminação de informações científicas de forma clara e acessível ao público. A aluna Celiane, que está no 4º semestre de Jornalismo falou: “Quero sair daqui aprendendo muito mais sobre a área do Jornalismo”. Já a aluna Fabiane, que está entre o 4º e 5º semestre do curso, disse: “Espero aprender mais sobre as novas formas de comunicação no mercado” e acrescenta “Estou ansiosa pela palestra da Professora Débora, que vai falar sobre o Jornalismo Científico”.
Para os acadêmicos, o contato com palestrantes de diferentes instituições, como a Professora Débora Cristina Lopes, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), e a Professora Rosana Alves de Oliveira, da própria Unemat, já no primeiro dia permitiu reflexões sobre a importância da ética jornalística para combater a desinformação e da precisão na comunicação científica, buscando uma linguagem que seja acessível e compreensível.
Essa primeira mesa-redonda gerou grande entusiasmo, com muitos alunos compartilhando suas percepções sobre a necessidade de uma formação que aborde temas científicos e os prepare para atuar em áreas além do jornalismo tradicional.
Mesa-redonda do primeiro dia do evento trouxe falas sobre Jornalismo, Ciências e Desinformação

A mesa-redonda de abertura da IV Semana de Jornalismo 2024, realizada na Unemat de Tangará da Serra, abordou o tema “Jornalismo, Ciências e Desinformação”, trazendo discussões fundamentais sobre o papel do jornalista na era das fake news e do avanço das redes sociais. As falas se concentraram nos desafios de comunicar ciência com precisão em um cenário no qual a desinformação se espalha rapidamente, afetando a compreensão pública sobre temas complexos, como saúde, meio ambiente e tecnologia. A temática abordada levantou reflexões sobre a responsabilidade do jornalista em verificar dados e contextualizar informações, lembrando que o combate à desinformação exige não apenas habilidades técnicas, mas também um compromisso ético com a verdade.
O objetivo da temática foi explorar a questão da credibilidade das fontes e a importância de saber comunicar conteúdos científicos de forma acessível. As reflexões enfatizaram o papel das universidades e dos veículos de comunicação em unir esforços para a construção de narrativas que aproximem a ciência do público, evitando jargões e adaptando a linguagem para maior compreensão. Destacando a diferença entre influenciadores digitais e disseminadores de desinformação e ser um jornalista ético e preciso com os dados, priorizando a transparência e a apuração rigorosa dos fatos.
Profª Drª Débora Cristina Lopes abordou o tema Jornalismo e Ciência

Segundo a Professora Débora:
“O objetivo é tentar pensar a relação do Jornalismo científico com a divulgação científica e como é possível olhar a partir de lugares diferentes, pensando o contexto dos lugares onde vivemos e sobre as pessoas que vivem nesses lugares e como fazem ciência aqui no Brasil. O Jornalismo Científico é um espaço para dialogar com a sociedade, é uma boa forma de tentar fazer a sociedade entender como a ciência afeta o seu dia a dia. Por exemplo, quando fazemos uma produção jornalística sobre o processo de produção de uma vacina, oportunizamos que as pessoas compreendam por que demora tanto a produção de uma vacina. O jornalismo científico pode oportunizar que a ciência produzida fique mais próxima da comunidade, desmistificando os pesquisadores, fazendo com que as pessoas entendam o que é preciso para ser um pesquisador/um cientista, e que isso pode estar ao alcance da comunidade como um espaço de troca.”
Sobre a importância de envolver a comunidade no fazer jornalístico, sob a ótica científica, a Professora Débora ainda acrescenta:
“O objetivo é fazer com que a comunidade compreenda que suas demandas podem virar pautas de pesquisas científicas e fazer um jornalismo científico que faça essa ponte, também ouvindo a comunidade e ajudando a entender suas demandas. Como estudantes de Jornalismo é importante conhecer a comunidade, estabelecendo uma relação mais próxima da comunidade é possível identificar as pautas das pesquisas, ou seja, o que de fato é centro dos interesses públicos do local onde a universidade está inserida. Não vejo universidade fazendo extensão sem pesquisa, e não vejo universidade sem comunidade. Também é importante pensar a forma como o jornalismo científico vai produzir sua linguagem, pois a forma como nos comunicamos na academia é diferente da forma como nos comunicamos com a comunidade leiga que não está familiarizada com a linguagem científica.”
Débora destaca a importância do conhecimento das pessoas no dia a dia e sua importância para a produção científica:
“Quando falamos sobre ‘o como fazer ciência’, este fazer precisa ser desmistificado, pois as pessoas não conhecem essa importância do jornalismo científico, pois ele vai oportunizar a disseminação do conhecimento através do jornalista, que vai se preocupar em mostrar para a comunidade o que é importante para ela. Esse jornalismo científico precisa ser capaz de mostrar a aproximação da ciência e da empiria, ser capaz de mostrar a importância dos saberes populares para o avanço da ciência. É Importante que os jornalistas desenvolvam um olhar decolonial, mostrando que a diversidade de saberes populares são fundamentais para o desenvolvimento das ciências e da sociedade, mostrado que o saber científico é um saber que precisa dialogar com os saberes populares.”
Profª Drª Rosana Alves de Oliveira abordou o tema Jornalismo Científico, com foco na desinformação científica

Segundo a Professora Rosana:
“O objetivo foi discutir sobre esse fenômeno que tem preocupado a nós da área da comunicação, especificamente do jornalismo, por estar tão propagado atualmente. Com o advento das redes sociais, a difusão de informações que não são propriamente notícias, são informações enganosas construídas com a intensão deliberativa havendo um planejamento para a propagação desse tipo de conteúdo. E quando se fala em desinformação científica estamos nos referindo a temas de falsa ciência em relação à saúde, meio ambiente e tecnologias. É sobre isso as discussões propostas na abertura do primeiro dia da Semana de Jornalismo.”
Estudantes de Jornalismo participam da organização e cobertura do evento para creditação de extensão

No primeiro dia do evento, os estudantes do curso de Jornalismo desempenharam um papel essencial em várias frentes da organização, junto com os professores do curso. Os alunos colaboraram diretamente na logística e operacionalização das etapas do encontro, demonstrando proatividade e compromisso com a qualidade do evento.
Na organização, os estudantes foram responsáveis pelo planejamento de atividades, cerimonial, coordenação das palestras e montagem dos espaços. Já no setor de divulgação, trabalharam na alimentação do site do evento, na atualização das redes sociais do evento e desenvolvimento de conteúdos informativos para atrair e engajar o público, além de manter a cobertura jornalística em tempo real. Equipes dedicadas ao credenciamento organizaram e distribuíram as identificações, garantindo uma recepção ágil e organizada aos participantes e convidados, assim como controlaram a assiduidade.
A cobertura jornalística contou com equipes de alunos encarregadas de documentar cada momento em diversas plataformas. Reportagens, entrevistas e registros fotográficos e audiovisuais foram produzidos, ampliando o alcance do evento e proporcionando aos alunos uma experiência prática e profissional. Além disso, houve uma equipe específica dedicada ao suporte de alimentação para os participantes e convidados, coordenando o serviço de coffee-break e garantindo que tudo estivesse em ordem durante o intervalo.
A integração dos alunos em todas as atividades refletiu o espírito colaborativo do evento e contribuiu para a execução bem-sucedida do primeiro dia da IV Semana de Jornalismo, reforçando a importância da prática acadêmica e do trabalho em equipe para o desenvolvimento profissional dos futuros jornalistas.
Texto: Ana Lúcia Andruchak | Revisão: Diones Krinski | Beatriz Tavares | Editor: Cristiano Barreto das Chagas
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