Criado em 2020, o NAE atende cerca de 13 mil estudantes com dificuldades de aprendizagem, transtornos e deficiências, promovendo educação inclusiva com apoio multiprofissional.
Equipe NAE no auditório do CMEE Prof. Isoldi Storck. #Paratodosverem: vinte profissionais estão reunidas no auditório da escola para uma capacitação do projeto Núcleo de apoio educacional.
Em Tangará da Serra (MT), a educação municipal vem sendo marcada por transformações silenciosas, mas profundas, por meio do trabalho do Núcleo de Apoio Educacional (NAE). Fundado entre 2019 e 2020, o núcleo nasceu da necessidade de atender uma crescente demanda por inclusão escolar, apoio psicopedagógico e acolhimento especializado.
Com atuação voltada ao público infantil e adolescente de 6 meses a 14 anos, o NAE oferece suporte a aproximadamente 13 mil estudantes da rede municipal, especialmente àqueles com dificuldades de aprendizagem, deficiências ou transtornos como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O estudante Pedro, integrante do grupo e pessoa com deficiência visual, entrevistou uma das profissionais do NAE para entender de perto como funciona o atendimento oferecido pelo núcleo. Clique no vídeo para conferir.
Como funciona o NAE?
Vinculado à Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), o NAE é coordenado por Silvanécia Gonçalves, também responsável pela Educação Especial no município. O núcleo conta com uma equipe formada por psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogo, assistente social e pedagogos especializados.
Essa estrutura permite o atendimento integral das necessidades dos estudantes, promovendo intervenções que vão do acolhimento emocional até o uso de tecnologias assistivas, como softwares de leitura, jogos pedagógicos adaptados e dispositivos de comunicação alternativa.
“Incluir é transformar. É garantir o direito a cada criança de aprender, se desenvolver e ser feliz na escola.” – Equipe pedagógica do NAE
O caso de Heitor: um exemplo de transformação
A história do pequeno Heitor Nascimento da Silva, de 5 anos, é um reflexo da efetividade do trabalho realizado. Diagnosticado com TEA, ele apresentava dificuldades de atenção, concentração e interação. Sua família, sem acesso a técnicas pedagógicas especializadas, encontrava barreiras para apoiá-lo.
Encaminhado pela escola ao NAE, Heitor passou a receber acompanhamento multidisciplinar. O resultado? “Ele está mais comunicativo, participa das atividades e adora ir para a escola”, relata seu pai, Eliosano Batista da Silva, emocionado.
A psicopedagoga Nadir Rodrigues de Souza Campos reforça os avanços do menino: “Heitor melhorou significativamente em concentração e aprendizagem. Está preparado para o processo de alfabetização.”
Projetos que marcam vidas
Além do atendimento individualizado, o NAE realiza ações como a “Semana de Saúde Mental na Escola”, promovida em 2021, com palestras e atividades que abordaram autoestima, emoções e prevenção de comportamentos autolesivos.
Outro ponto importante são as capacitações oferecidas a coordenadores pedagógicos, que aprendem a identificar sinais de sofrimento emocional, transtornos de aprendizagem e a realizar os devidos encaminhamentos.
Educação inclusiva como política pública
A atuação do NAE vai além da escola. Em articulação com as secretarias de Saúde e de Assistência Social, o núcleo fortalece o suporte aos estudantes com necessidades específicas.
Um exemplo dessa inclusão que vem sendo trabalhada é o Projeto de lei selo “Escola amiga da educação inclusiva” apresentado pelo deputado Thiago Silva (MDB) e aprovado pelos parlamentares na sessão do dia vinte e um de maio deste ano. O PL 125/2023 prevê que o selo será concedido a escolas públicas e privadas que adotem medidas para a implantação de um sistema educacional inclusivo de pessoas com deficiência em todos os níveis de ensino.
CMEEs: educação especializada de referência
O Centro Municipal de Educação Especial Professora Isoldi Storck (C.M.E.E.) é parceiro essencial do NAE. A unidade, criada em 2007, atende estudantes com surdez, baixa visão, TEA e deficiências múltiplas, promovendo oficinas como Braille, informática inclusiva e outras práticas de autonomia.
Sob a direção de Sandra Bueno, o centro se tornou referência regional em Atendimento Educacional Especializado (AEE). Para garantir a continuidade e qualidade do atendimento, o NAE investe em formação continuada. Professores e coordenadores participam de cursos sobre práticas pedagógicas inclusivas, escuta ativa e acolhimento emocional.
Apesar dos avanços, a coordenadora Silvanécia Gonçalves destaca os desafios: “A estrutura ainda é limitada frente à demanda. É preciso mais investimento e combate ao preconceito.”
A psicóloga Daiane Batista complementa: “A inclusão começa na escuta. Trabalhamos com as emoções e os afetos. É um trabalho coletivo e contínuo.”
A experiência de Tangará da Serra mostra que é possível promover uma educação pública de qualidade, inclusiva e transformadora quando há articulação entre escola, família, comunidade e poder público.
Como resume a equipe pedagógica do NAE: “Incluir é transformar. É garantir o direito de cada criança de aprender, se desenvolver e ser feliz na escola.”
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