Conferência Municipal discute políticas públicas para mulheres

Além de promover escuta e diálogo, conferência foi mais um passo importante na construção de uma cidade mais justa e inclusiva para todas as mulheres.

Autoridades e representantes de diferentes segmentos participam do evento para discutir políticas públicas voltadas às mulheres.
#Paratodosverem: Em uma fileira, onze pessoas estão sentadas lado a lado Entre elas, uma mulher indígena com vestes tradicionais e uma intérprete de libras em pé ao fundo.
Autoridades e representantes de diferentes segmentos participam de evento para discutir políticas públicas voltadas às mulheres. #Paratodosverem: Em um palco, onze pessoas estão sentadas lado a lado Entre elas, uma mulher indígena com vestes tradicionais e uma intérprete de libras em pé ao fundo.

A Segunda Conferência Municipal de Políticas Públicas para Mulheres reuniu, na última terça-feira (27/05), em Tangará da Serra, representantes de secretarias municipais, profissionais das áreas de saúde, educação e segurança pública, além de lideranças femininas locais e regionais. Ao todo cerca de 350 mulheres participaram de forma presencial e online, pela plataforma de transmissão. O evento ocorreu das 7h às 18h, na sede do Lions Clube, e teve como objetivo discutir estratégias e propor ações concretas para garantir direitos, ampliar a participação e fortalecer a rede de apoio às mulheres no município.

A abertura contou com a presença de autoridades locais e foi conduzida por Silvana Masson, presidente do Conselho dos Direitos da Mulher (CDMM), primeira-dama do município e diretora do Grupo de Promoção de Políticas para Mulheres (GPPM). Ela destacou a importância da escuta ativa como ferramenta para a construção de políticas públicas efetivas.

Silvana Masson presidente do Conselho dos Direitos da Mulher (CDMM), diretora do (GPPM) e primeira-dama do município. #Paratodosverem: Mulher fala ao microfone atrás de um púlpito de madeira, onde há um banner da 2ª Conferência Municipal de Políticas para Mulheres.

A programação foi organizada em torno de três mesas temáticas. A primeira tratou da Política Nacional para Mulheres e da integração ao Sistema Nacional de Políticas para as Mulheres (SINAPOM). A segunda, intitulada Mulheres Negras, Indígenas e Rurais: Diversidade e Participação Social, abordou os desafios específicos enfrentados por esses grupos. Já a terceira debateu o Plano Municipal de Políticas para Mulheres, ponto central da conferência e reuniu sugestões práticas para melhorar o atendimento, acolhimento e suporte às mulheres da cidade.

Participantes se reúnem em grupos para discutir propostas a serem implementadas em Tangará da Serra (MT). #ParaTodosVerem: Participantes do grupo sentados em círculo em cadeiras brancas em uma roda de conversa. Uma mulher em pé fala enquanto outra digita em um notebook sobre a mesa. Ao fundo, há bandeiras e equipamentos de filmagem.

Após as mesas, as participantes se dividiram em grupos para discutir as propostas apresentadas. Entre as principais demandas, destacou-se a necessidade de destinar recursos para que a Delegacia da Mulher funcione em regime 24 horas, garantindo atendimento contínuo e especializado às vítimas de violência. Além disso, foi proposta a alocação de recursos humanos e financeiros exclusivos para o atendimento psicossocial e jurídico às mulheres em situação de violência, separando esse suporte daquele oferecido à população em geral.

A segunda mesa foi marcada por reflexões profundas sobre as realidades enfrentadas por mulheres negras, indígenas e rurais. A professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Tereza Cristina, indígena do povo Haliti-Paresi, ressaltou: “Representar as mulheres indígenas é muito difícil, mas é uma conquista, uma vitória que nós estamos tendo através desse trabalho que vem acontecendo”.

A juíza do trabalho, Claudirene Andrade, representante das mulheres negras na conferência, pontuou a importância de políticas que considerem os diferentes contextos vividos por essas mulheres. Ela destacou as desigualdades enfrentadas por mulheres negras no mercado de trabalho e na sociedade:

“Ainda persistem os desafios em relação ao próprio acesso ao conhecimento, também os desafios em relação à violência doméstica, que tende a ser mais elevada em face das mulheres negras, principalmente pela sua vulnerabilidade, porque muitas mulheres negras ainda não são capazes de subsistir por conta própria. E também, muitas vezes, uma questão cultural, em que a mulher negra é relegada a um segundo plano e isso se torna até cultural, e a própria mulher, muitas vezes, tem dificuldade de se enxergar empoderada nesses espaços”, disse, Andrade.

Representando as mulheres do campo, Dalva Cristiana do Nascimento relatou sobre as dificuldades que ainda marcam o acesso real das políticas públicas nas comunidades rurais: “A política pública para a mulher no campo, a gente tem enfrentado uma grande dificuldade, porque às vezes a gente vê muito falar em política pública, e aí a gente sabe também muitas vezes o direito que a gente tem. Mas como acessar essa política pública? De que forma acessar essa política pública? Como que ela pode ser, chegar de verdade para essas mulheres no campo?”, indagou.

#Paratodosverem: Convidados para integrar a mesa dois, da esquerda para a direita: Dalva Cristiana representando as mulheres do campo, Tereza Cristina, representando o povo indígena, Cláudio Altair representando a população Lgbtqiapn+; A mediadora e advogada Dr. Gleyci Garcia e a juiza do trabalho, Claudirene Andrade.

A assessora da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência, Ana Emília Sotero, alertou que o principal desafio não é apenas desenhar políticas públicas, mas garantir o comprometimento político e o investimento financeiro para que essas ações se tornem realidade:

“O maior desafio é a conscientização de gestores e gestoras, sejam municipais, sejam estaduais, que política para as mulheres é tão importante quanto saúde, educação, habitação e direitos humanos. E tendo política para as mulheres sérias e eficazes, nós só vamos conseguir com orçamento financeiro, sem orçamento não se faz política pública”, explicou a assessora.

Ela ainda reforçou a diversidade de realidades no estado e a urgência em dar atenção às diferentes existências femininas. “Nós precisamos atender as mulheres negras, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, as mulheres trans, travestis, porque as mulheres são minoria em direitos, mas são maioria na quantidade.”

A conferência também contou com o envolvimento da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), que integrou a comissão organizadora do evento e segue com representação ativa no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. A professora do curso de jornalismo, Marli Barbosa, que atualmente ocupa a cadeira da instituição no conselho, reforçou o papel da universidade nesse processo. “A UNEMAT é uma das instituições que encaminhou representantes para o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. Atualmente eu represento a cadeira da UNEMAT no conselho. Nós, como instituição de ensino, participamos como comissão organizadora”, concluiu.

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