Com o diagnóstico precoce e o tratamento específico é possível que a doença estabilize, gerando uma qualidade de vida melhor para o paciente.
O que é o ceratocone?
O ceratocone é uma doença que afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que cobre toda a frente do globo ocular. Sendo degenerativa, a doença ocorre devido a perda de colágeno na córnea, causando curvaturas irregulares, em formato de bico ou cone. É progressiva, por que com o passar do tempo essas curvaturas vão progredindo.
A doença pode ser uma herança genética ou por esfregar os olhos ao coçar. Sua principal característica é a redução na espessura da córnea, que é empurrada para frente, impossibilitando a projeção de imagens nítidas e causando um alto grau de miopia e astigmatismo. Seu tratamento segue duas linhas, tratar a baixa visão do paciente e a progressão da doença.
Diagnóstico e tratamento
Com o diagnóstico precoce e o tratamento específico é possível que a doença estabilize, gerando uma qualidade de vida melhor para o paciente. Desde 2016, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para os portadores, e são realizados cerca de 2.434 atendimentos por ano. O Ministério da Saúde incorporou um procedimento rápido e pouco invasivo para tratar o ceratocone. A nova técnica, conhecida como crosslinking corneano, tem capacidade de estabilizar a evolução da doença.
O crosslinking é uma radiação entre as células, que fortalece a córnea e pode evitar a progressão da doença. Com a técnica é possível aumentar a rigidez do tecido da córnea com a retirada de algumas células superficiais, seguida da aplicação de colírio de riboflavina (vitamina B2) e da irradiação de luz ultravioleta na região por cerca de 30 minutos. O procedimento estabiliza a córnea, pois aumenta a força de ligação entre suas células.
Desde 2016 é possível fazer o crosslinking pelo SUS, sendo totalmente gratuito. Em hospitais e clínicas particulares, a média de preço gira em torno de R$4.000. O SUS oferece também o implante intra estromal para tratar o ceratocone e outras doenças oculares, como catarata e glaucoma.
Conforme o Dr. Renato Bett, especialista em Oftalmologia, ‘’o tratamento da doença é como uma escada, o primeiro degrau, seria os óculos, em casos iniciais. Quando esse degrau não é mais possível, sobe mais um, o das lentes gelatinosas, rígidas ou esclerais. Ao não ser mais suficiente em alguns casos, é necessário, os anéis de ferrara, usado para regularizar a estrutura da córnea, e o último passo e estágio do tratamento é o transplante de córnea onde remove a estrutura com a doença, sendo substituída por uma nova’’.


Doação de córneas
Por esse motivo a doação de órgãos é tão importante. Ela ajuda no tratamento gratuito de futuros portadores do ceratocone e várias outras doenças, sendo importante para a manutenção da qualidade de vida do portador. Nos últimos três anos, os investimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) na área de transplantes aumentaram, os transplantes de córnea também seguiram o aumento.
A acadêmica de fisioterapia, Nawana Vitória, de 21 anos, portadora do ceratocone, relata que os sintomas da doença começaram a aparecer quando ela tinha 13 anos, mas a estudante ainda não tinha o diagnóstico. Segundo Nawana, ela primeiramente recebeu o diagnóstico de miopia e usou óculos por 3 anos, mas com o passar do tempo, já não resolvia mais a situação. Em 2017, recebeu o diagnóstico de ceratocone avançado e começou a utilizar lentes rígidas nos olhos.
‘’ Mas eu confesso que para mim ter ceratocone não é fácil, ter que tirar e colocar as lentes todos os dias, não poder mergulhar a cabeça na piscina ou rios quando estou com ela, não poder dormir também com as lentes. Então querendo ou não as lentes me limitam de fazer algumas coisas, e sem elas eu não enxergo quase nada, somente vultos e muito embaçado. E sem falar que as lentes não são bem caras, os exames, e os colírios para tratar as alegrias também’’, afirma a estudante de fisioterapia.
Em casos que é recomendado transplante de córnea, é necessário que o paciente tome alguns cuidados no pós operatório, como: não coçar nem esfregar os olhos; utilizar os colírios e medicações de rotina indicados conforme a receita do oftalmologista; lavar bem as mãos antes de pingar os colírios; em caso de lacrimejamento, usar lenços descartáveis; nada de piscina, academia, esportes ou qualquer tipo de exercício físico; não dormir sobre o olho operado nos dias seguintes ao da cirurgia; utilizar o tampão nos 3 primeiros dias e óculos escuros sempre que sair de casa, além evitar ambientes com poeira e contato próximo com animais domésticos.
Os estudos sobre, ainda são recentes, não havendo uma cura, mas com o diagnóstico precoce e o tratamento específico é possível que a doença estabilize, gerando uma qualidade de vida melhor para o paciente. Conforme os oftalmologistas recomendam é necessário evitar coçar os olhos com os dedos.
O diagnóstico precoce é essencial para evitar a projeção da doença, sendo feito apenas por médicos, com exames específicos. Por isso, a conscientização sobre o ceratocone e a importância do diagnóstico. Consulta regulares com um oftalmologista são essenciais, principalmente se houver algum caso na família. Com o tratamento adequado é possível que as pessoas diagnosticadas sigam suas rotinas normalmente.
Texto: Itânia Macêdo
Multimídia: Rian Bispo