
A gravidez é um período muito delicado para qualquer mulher, em especial para as adolescentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera gravidez na adolescência aquelas de meninas entre 10 e 20 anos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2020 foram realizados cerca de 380 mil partos de mães adolescentes, totalizando 14% de todos os nascidos no país naquele ano.
As grávidas na adolescência e seus bebês têm mais riscos vida em comparação com aquelas mulheres já adultas. O médico Taynã do Nascimento afirma que esse tipo de gravidez pode levar a gestante a quadros de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e eclâmpsia. Mas para o médico o principal alerta é quanto à saúde mental dessas meninas. “Com certeza passar por uma gestação é algo que se não tiver um emocional bom, vai levar a uma depressão, a uma ansiedade”.
Kamilly Silva, 16, relata dificuldades emocionais ao ter que lidar com a gravidez e a morte do pai de seu bebê. “Acreditei que seria um pouco mais fácil. Minha realidade foi bem difícil por ter passado por ela sozinha. Desde quando o pai do neném faleceu, me senti só. Mas quando lembrava que estava gerando uma vida, esse sentimento passava. Até porque eu sabia que iria ter alguém comigo”.
Em outra realidade, Leila Franco, 17, destaca a participação do marido durante a gestação. “Ter alguém que possa contar e estar ao seu lado é muito bom, é um alivio. A gestação é uma carga muito grande que a gente carrega. Ter alguém ao seu lado para te abraçar é muito bom, por dá medo de não conseguir, principalmente nas questões financeiras”.
Cuidados e prevenção
Taynã alerta ainda sobre as condições psicossociais da adolescente e a importância do cuidado com a saúde da mãe. “A equipe multidisciplinar pode dar auxílio para que a gestante chegue bem ao final da gravidez”. O médico ressalta que é preciso atenção na identificação de transtornos ou doenças gestacionais. “É importante ter o pré-natal completo e as vacinas em dia. Se identificar algum problema, o cuidado é multidisciplinar, com psicólogo e psiquiatra. O mais difícil é o estado mental da gestante”, explica o médico.
Repórteres: John Muller e Marcileni Gaudêncio | Edição: Andreia Azevedo