Foto: Divulgação/Instagram
PARATODOSVEREM: Ônibus branco da Prefeitura Municipal de Tangará da Serra estacionado ao anoitecer. Algumas janelas estão cobertas com papelão e fita adesiva. Em frente ao ônibus, um grupo de adolescentes carrega mochilas e malas, se preparando para embarcar. A iluminação pública e o céu escurecendo indicam que a viagem ocorre no fim do dia.
Atletas adolescentes do time de basquete de Tangará da Serra (MT) viajaram para Sapezal (MT) em um ônibus com janelas quebradas cobertas por papelão e um banheiro inoperante. O veículo, usado regularmente para transportar delegações esportivas, levava os jovens para a disputa dos Jogos Escolares Mato-grossenses. O caso evidencia a precariedade do apoio municipal ao esporte e a violação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Relatos apontam que o problema é recorrente. Na semana passada, atletas que competiam em Cuiabá viajaram no mesmo ônibus, que já apresentava janelas danificadas, soltando cacos de vidro durante o trajeto. Neste fim de semana, a situação se repetiu na viagem para Sapezal, onde ocorreu a competição de basquete.
Riscos e violações às normas
A situação configura infração grave segundo o Artigo 230, inciso XIX do CTB, com multa de R$ 195,23, 5 pontos na CNH e possível retenção do veículo. A Resolução CONTRAN nº 14/1998 exige:
Vidros em perfeito estado
Sistema de ventilação adequado
Visibilidade garantida para o condutor
Além das janelas improvisadas, os atletas enfrentam:
Banheiro inoperante;
Necessidade de organizar rifas para custear alimentação;
Desconforto térmico e risco constante.
O secretário municipal de Esportes reconheceu o problema.
“Diante da quebra dos vidros, adotamos uma solução provisória com papelão enquanto aguardávamos o reparo pelo seguro”
Luciano Silva “Sassá”
Em vídeo gestor afirma que problema teria ocorrido durante a semana, porem relatos anteriores de pais e atletas contradizem essa versão. Uma mãe já havia denunciado que, na semana passada, sua filha viajou para Cuiabá em um ônibus com janela quebrada e retornou com outra avariada, soltando pedaços de vidro durante o trajeto.
Sassá em nota via Instagram, o secretário afirmou que todas as despesas da viagem (como diárias do professor e do motorista, alimentação e abastecimento) já estavam empenhadas. Por isso, optou-se por não cancelar a participação dos alunos, a fim de evitar prejuízos e respeitar o trabalho desenvolvido pela equipe.
A indignação entre a comunidade esportiva local cresce. “É humilhante ver nossos filhos chegarem às competições nessas condições, enquanto atletas de outras cidades contam com estrutura adequada”, desabafou a mãe de uma das atletas, que preferiu não se identificar.
Secretário afirma que vidros foram consertados, mas questionamentos permanecem
Segundo atualização do secretário municipal de Esportes, os vidros do ônibus já foram devidamente reparados e o veículo estaria em condições adequadas para uso. No entanto, o caso levanta reflexões importantes sobre o tratamento dado aos atletas que representam Tangará da Serra.
Enquanto jovens talentos se dedicam diariamente para trazer conquistas esportivas à cidade, a falta de estrutura básica revela uma contradição no apoio oferecido pelo poder público. O episódio do ônibus improvisado vai além de um simples problema de transporte, expõe a necessidade de valorização efetiva do esporte como ferramenta de transformação social.
Agora, a comunidade aguarda para ver se a solução se limitou aos vidros quebrados, ou se alcançará também as falhas estruturais no apoio aos atletas do município.
Texto: Kaick Klaivert | Edição: Nicolli Aguiar | Fotos: Divulgação via Internet
