A representante das mulheres rurais, Dalva Nascimento destaca na conferência a importância da participação das mulheres do campo na construção de políticas públicas e os desafios que ainda enfrentam para acessar direitos básicos.

#Paratodosverem: Dalva fala ao microfone sentada em auditório, ao lado de uma mulher indígena. Ao fundo, tela da conferência.
Em meio às reflexões e propostas discutidas durante a 2ª Conferência Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, realizada no mês de maio, um recado veio direto da zona rural: as mulheres do campo também querem e precisam participar mais ativamente das decisões que impactam suas vidas. Quem levou essa mensagem ao encontro foi Dalva Cristiana do Nascimento, representante das mulheres rurais do município.
Em sua fala, Dalva compartilhou vivências que traduzem a realidade de muitas mulheres que vivem fora do perímetro urbano. Ela destacou que, apesar dos avanços e da existência de políticas voltadas ao público feminino, o acesso a essas ações ainda encontra barreiras no cotidiano rural.
“A gente vê muito falar em política pública, sabe até dos direitos que tem. Mas como acessar? De que forma ela chega de verdade até as mulheres do campo?”, questionou.
Comunicação como ferramenta de aproximação
A partir do olhar da disciplina de Comunicação Rural e Comunitária, experiências como a de Dalva mostram a importância de se ampliar os canais de informação e escuta nas zonas rurais. Rádios comunitárias, grupos de WhatsApp, visitas de equipe técnica e encontros presenciais são algumas das estratégias que vêm sendo utilizadas para encurtar distâncias e promover maior participação. Para Dalva, encontros como a conferência são fundamentais para romper o silêncio que por muito tempo marcou a vida de muitas mulheres rurais. Ela destaca que a ausência nos espaços de decisão aprofunda o anonimato e o distanciamento das políticas públicas.
“Se nós, mulheres, não passarmos a vir para esses momentos, a expor nossas dificuldades, nossa voz não vai ser aceita. A gente vai continuar no anonimato”, afirmou.
Entre os principais desafios, Dalva citou a dificuldade de deslocamento até a cidade, limitações no acesso à internet e o receio que muitas mulheres ainda sentem ao buscar ajuda, especialmente em casos de violência. Esses obstáculos, embora enfrentados com coragem e apoio coletivo, ainda limitam a efetividade de algumas políticas.
A fala da representante reforça que o fortalecimento das ações voltadas às mulheres rurais passa também por estratégias de comunicação que respeitem o ritmo, o tempo e a realidade dessas comunidades.
A presença de Dalva na conferência foi também um convite a outras mulheres do campo: ocupar espaços de fala, de escuta e de construção de soluções. Ela acredita que, ao compartilhar as vivências contribuí para que outras agricultoras também se sintam motivadas a participar.
“Cada uma fazendo sua parte, ajudando, divulgando e participando, podemos facilitar a vida de muitas mulheres”, concluiu.
Ouça, na íntegra, a fala da representante das mulheres rurais Dalva Cristina do Nascimento durante a 2° Conferência Municipal de Políticas Públicas para Mulheres.