Calor extremo em Tangará da Serra agrava problemas de saúde e preocupa população

Temperaturas acima dos 40°C aumentam casos de desidratação, pressão alta e agravam condições preexistentes em grupos vulneráveis, afetando especialmente idosos e pacientes com doenças crônicas
Sol extremo na região de Tangará da Serra. Foto: Beatriz Tavares

A cidade de Tangará da Serra, localizada na região Oeste do estado de Mato Grosso, enfrenta uma das maiores ondas de calor da sua história recente, com temperaturas que frequentemente ultrapassam os 40°C. Esse cenário extremo tem causado sérios impactos na saúde da população, com hospitais e unidades de saúde locais registrando aumento no número de atendimentos, especialmente de pessoas idosas, diabéticas e hipertensas.

A previsão meteorológica indica que a onda de calor em Tangará da Serra deve continuar por mais alguns dias, o que reforça a necessidade de redobrar os cuidados. As autoridades de saúde recomendam que a população siga as orientações sobre cuidados preventivos para evitar sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde e preservar a própria saúde diante dessas condições adversas.

De acordo com dados da Secretaria de Saúde de Tangará da Serra, houve um crescimento de 25% nas internações relacionadas a problemas como desidratação, crises hipertensivas e complicações decorrentes do diabetes. A Secretaria de Saúde do município relata que as salas de atendimento estão constantemente lotadas, principalmente por pacientes com condições agravadas pelo calor extremo.

A aposentada Maria do Carmo (68), hipertensa e diabética, foi uma das pacientes que precisou de atendimento emergencial. “Eu comecei a sentir muita tontura, minha pressão subiu de repente. Estava muito quente, e mesmo tomando meus remédios, não consegui controlar”, relatou a idosa. Casos como o de Maria do Carmo têm se tornado frequentes, segundo os médicos da cidade.

Efeitos das ondas de calor extremo no corpo humano

As ondas de calor extremo têm um impacto significativo na saúde humana, afetando diversos sistemas do corpo e aumentando os riscos de várias condições médicas. A seguir, são apresentados os principais efeitos e mecanismos que explicam como o calor extremo afeta o organismo.

Área Rural da Comunidade Bandeirantes, em Tangará da Serra, no dia mais quente do ano. Foto: Ana Lúcia Andruchak

Mecanismos fisiológicos: Quando exposto a altas temperaturas, o corpo humano tenta regular sua temperatura interna, que deve permanecer em torno de 36°C a 37°C.

Suor e vasodilatação: O corpo aumenta a produção de suor e dilata os vasos sanguíneos periféricos para dissipar o calor.

Estresse térmico: Se a temperatura externa é muito alta ou a umidade é elevada, esses mecanismos podem falhar, levando ao superaquecimento e a condições graves como insolação.

Consequências para a saúde

As consequências do calor extremo variam desde desconfortos leves até condições potencialmente fatais. Os principais riscos incluem:

Desidratação: O aumento da sudorese sem reposição adequada de líquidos pode levar à desidratação, que se manifesta por boca seca, urina escura e fraqueza. A desidratação também torna o sangue mais viscoso, aumentando o risco de coágulos.

Problemas cardiovasculares: O calor intenso coloca uma carga adicional sobre o coração, aumentando a frequência cardíaca e elevando o risco de infartos e arritmias, especialmente em pessoas com condições cardíacas pré-existentes. Um aumento na temperatura de 1°C pode estar associado a um aumento de 5,7% nas mortes por doenças cardiovasculares.

Insolação: Esta condição grave ocorre quando o corpo não consegue regular sua temperatura, resultando em febre alta, pele quente e seca, dor de cabeça e confusão mental. A insolação requer atenção médica imediata para evitar danos permanentes ou morte.

Cãibras musculares: A perda excessiva de eletrólitos devido ao suor pode causar cãibras musculares dolorosas.

Efeitos respiratórios: O calor extremo pode agravar doenças respiratórias existentes, como asma e rinite alérgica, devido ao aumento da poluição do ar e à exposição prolongada ao calor.

Grupos Vulneráveis

Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas são particularmente vulneráveis aos efeitos do calor extremo. Esses grupos devem tomar precauções adicionais durante ondas de calor, como aumentar a ingestão de líquidos e evitar atividades físicas intensas durante os horários mais quentes do dia.

As ondas de calor extremo representam uma ameaça crescente à saúde pública, exacerbada pelas mudanças climáticas. A compreensão dos efeitos do calor no corpo humano é crucial para desenvolver estratégias eficazes de mitigação e proteção da saúde da população durante esses eventos climáticos extremos.

Para minimizar o impacto do calor à população de Tangará da Serra e região, os especialistas em saúde pública orientam medidas preventivas importantes em situações de alta temperatura. Entre as medidas necessárias estão: beber bastante água, mesmo sem sentir sede; procurar abrigos com ar-condicionado ou locais mais frescos durante as horas mais quentes do dia; evitar atividades físicas durante o período de calor; usar protetor solar e roupas leves e ter resfriadores evaporativos ou cortinas para manter a temperatura interna mais amena.

Profissionais da área da vigilância em saúde explicam que esses e outros cuidados são imprescindíveis para este período, visto que as ondas de calor representam sérios riscos à saúde humana e podem causar hipertermia, desidratação e problemas respiratórios.

Orientações dos especialistas

Ondas de calor: cuidados com a saúde dos olhos. Fonte: Ministério da Saúde

Para tentar conter o agravamento desses problemas, médicos têm reforçado recomendações importantes, especialmente para grupos de risco. Entre as principais orientações estão:

Hidratação constante: É essencial beber bastante água ao longo do dia, mesmo sem sentir sede. Sucos naturais e água de coco são boas opções para evitar a desidratação.

Evitar o sol: A exposição direta ao sol deve ser evitada entre 10h e 16h, período em que as temperaturas estão mais elevadas. Procurar locais frescos e arejados é fundamental.

Alimentação leve: Consumir alimentos de fácil digestão, como frutas, saladas e vegetais, além de evitar refeições pesadas, é crucial para manter o organismo equilibrado.

Monitoramento da saúde: Para os diabéticos e hipertensos, é essencial medir regularmente os níveis de glicose e pressão arterial. Qualquer alteração significativa deve ser comunicada ao médico imediatamente.

Além disso, profissionais da saúde também orientam a população a usar roupas leves e claras e a tomar banhos frios para ajudar a regular a temperatura do corpo.

Linha do tempo: Ondas de calor em Tangará da Serra (1976 – 2024)

Texto: Ana Lúcia Andruchak | Diones Krinski | Revisão: Cristiano Barreto | Edição: Beatriz Tavares |

compartilhe

+ notícias

plugins premium WordPress