
A agricultura familiar se baseia no trabalho em família. Segundo o Censo Agro 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de pessoas são empregadas nessa modalidade. São famílias que se dedicam a produção de alimentos como hortaliças, carnes e leite. A bióloga Dayane Castro explica que as táticas de cultivo são mais básicas e costumam usar produtos de base natural. “O manejo é mais tradicional, não tendo tanto uso de insumos, como fazem nas grandes propriedades”, afirma a bióloga.
Algo importante a se mencionar quando se fala em produção de alimentos é o risco de contaminação. Os produtores devem levar em consideração condições climáticas no momento da pulverização dos defensivos. A umidade relativa do ar, a temperatura e a velocidade do vento são fatores importantes para esse momento.
O agrônomo e professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), William Fenner, alerta as questões meteorológicas na hora de pulverizar a plantação. “Quando a gente faz a pulverização, o vento pode levar esse produto para áreas vizinhas, que a gente chama de deriva. A deriva é basicamente quando você faz uma pulverização e isso atinge uma outra área, podendo ser uma área vizinha ou um corpo hídrico”.
A contaminação pode causar problemas de saúde, em especial quando acontece a exposição excessiva e a longo prazo de produtos químicos. Quem atua com horticultura, fruticultura deve tomar cuidado com as condições que ambientais quando forem aplicar os produtos, para que se evite a deposição excessiva e o arraste para outras propriedades ou rios.
O agricultor Michel Aguiar que teve sua plantação de mamão atingida pela deriva vinda de seu vizinho, observou que o olho das plantas enrugou, causando o abortamento dos frutos. Em outra ocasião, o produtor teve aproximadamente quatro mil pés de tomates afetados pela contaminação. “Meu investimento não teve retorno, foi uma época difícil”. No caso da agricultora Neuza Della Rosa, a deriva do veneno matou parte da plantação. “Quando percebemos a perda, a gente já partiu para outra área e continuamos plantando, porque a gente sobrevive disso”, relata.
“A realidade da agricultura familiar é muito diferente do que estamos acostumados a ver no noticiário. Carece de informações sobre uso de defensivos agrícolas e produtos biológicos. Ter a orientação de um agrônomo para indicar a melhor forma de aplicar os produtos é fundamental”, afirma Fenner.
Unemat em ação
A Unemat visando uma formação completa e integral, e atendendo sua finalidade social, está em constante parceria com os agricultores familiares de Tangará da Serra e da região.
Buscando levar apoio técnico aos produtores, o Curso de Agronomia da Universidade possui projetos como o Programa MT Horticultura, AgriJr Soluções em Agronomia, Clínica de Doenças de Plantas, Clínica de Insetos, além das disciplinas de Comunicação e Extensão Rural, e Desenvolvimento e Gestão da Agricultura Familiar, que atendem os produtores familiares de Tangará e da região.
Segundo o coordenador do Curso de Agronomia, Anísio Nunes, a Unemat busca atender os agricultores familiares fornecendo cursos, minicursos, oficinas e visitas-técnicas. O coordenador reforça que os produtores que desejarem ser atendidos pelos projetos podem procurar a coordenação do curso pelo telefone (65) 3311-4951 ou na própria coordenação do curso.
Repórteres: John Muller, Marcileni Gaudêncio e Mauciene da Silva | Edição: Andreia Azevedo